Minha carreira começou quando me formei na Universidade do Chile como um engenheiro jovem e ingênuo. Nessa época, obtive meu mestrado em Engenharia Mecânica e escrevi minha tese sobre uma ideia inteligente de melhorar a eficiência das turbinas eólicas de eixo vertical Darrieus por meio do resfriamento das pás de ar (isso absolutamente não funciona).

Minhas primeiras experiências de trabalho como estagiário na Dessau e, mais tarde, como engenheiro de projetos da Poch (agora WSP) foram muito gratificantes. Percebi rapidamente como tudo o que estudei na universidade tinha pouca relação com o mundo real. Mas aprendi muito sobre os setores de energia e processos, e tive a oportunidade de trabalhar no projeto de reconstrução da planta de produção do conglomerado de alimentos Carozzi em Nos (a original pegou fogo após o terremoto de 2010 no Chile). A nova fábrica era enorme—um projeto de US$ 350 milhões, com 115 mil metros quadrados e produção de 375 mil toneladas de alimentos por ano. Foi meu primeiro contato com megaprojetos industriais.

Trabalhei no departamento de mecânica e tubulação sob a liderança de Cristian Tapia; segundo todos os relatos, eu tinha um bom desempenho. Tornei-me proficiente em análise hidráulica, análise de estresse, redação de especificações técnicas, P&IDs e tudo o mais. Mas o ponto alto dessas experiências foi o fato de eu ter proficiência em tecnologia, e logo percebi que a maioria dos engenheiros e projetistas não tem. Comecei a escrever pequenas automações para tarefas repetitivas porque isso parecia lógico para mim—para muitos dos meus colegas, isso era semelhante à magia.

Meu talento recém-descoberto foi bem aproveitado rapidamente: pediram que eu programasse o bolão da empresa para a Copa do Mundo de 2010.

...considero isso um elogio.

Depois, entrei para a Ausenco, onde trabalhei sob a orientação de Cristian Santos, Paula Gómez e Jorge Arancibia. Neste momento, assumo uma função muito maior e tenho a chance de participar de um segundo megaprojeto: uma extensão da divisão Gabriela Mistral da Codelco. A mineração é um setor muito diferente do setor de alimentos e energia; aprendi muito sobre os novos processos e desafios que vêm com ela. Passei vários anos lá; lembro-me daquela equipe com muito carinho. Olhando para trás, considero as funções na Ausenco e na WSP como meus anos de fundação. Eles foram a base para o que estava por vir.

Porque algo veio: Recebi uma oferta para ingressar na AVEVA, a fabricante britânica de software de engenharia. Mas isso significava deixar meu trabalho como engenheiro de projetos e seguir um caminho diferente. Na época, parecia uma decisão pequena. Mas, em retrospecto, ela moldou minha carreira para o futuro.

Assumi a função e fiz a transição para algo que a AVEVA chamou de Application Consultant. Basicamente, isso significava ajudar os clientes com a implementação de software de engenharia, bem como acompanhar a pessoa de vendas para demonstrar o valor da solução.

Tive dificuldades. Isso exigia habilidades diferentes das anteriores: agora eu precisava não apenas ser tecnicamente proficiente, mas também subir ao palco e comunicar por que era uma boa ideia fazer o que eu fazia. Fazer vendas é difícil, e vendas técnicas ainda mais—qualquer pessoa que menospreze , nunca tentou.

Com o tempo, melhorei e comecei a me destacar nisso - devido a uma mistura de experiência em engenharia e conhecimento tecnológico, consegui traduzir conceitos difíceis para nossos clientes de maneira clara e fácil de entender. Vou ser bem sincero: nunca gostei muito de participar do processo de vendas. É difícil, incômodo, cheio de rejeição e algumas vezes até gritaria. Mas isso aprimorou tremendamente minhas habilidades de comunicação.

Outro ponto importante de trabalhar para um fabricante de software como a AVEVA é que você não está limitado a um único projeto ou a uma única equipe. Você precisa dar suporte simultaneamente a várias empresas e projetos, e cada um deles tem desafios muito diferentes. Essa foi uma ótima experiência de aprendizado; comecei a ver padrões entre empresas e setores. Perdi a conta de quantas empresas e clientes tive a chance de visitar e trabalhar: Arcadis, JRI, Pares y Álvarez, Codelco, Worley, Wood, Technip Energies, IPE, Instituto Mexicano del Petróleo, e a lista continua. Também pude trabalhar no scrum de desenvolvimento do novo módulo de mineração do AVEVA Everything3D com colegas do Reino Unido, Índia e Coreia do Sul, o que foi uma experiência maravilhosa.

Depois de vários anos na AVEVA, dei o próximo passo em minha carreira e entrei para a thyssenkrupp no Chile. Desta vez, sou o líder da disciplina de modelos 3D e estou no meio da participação deles na extensão da divisão Andina da Codelco, um investimento maciço de US$ 1,4 bilhão.

Parecia uma confluência de todos os meus conhecimentos: Eu tinha que entender o projeto, as disciplinas de engenharia, os designers, a parte de TI e juntar tudo isso para fazer as coisas funcionarem. Trabalhei sob a orientação de Carlos Sermer e Lars Ullmann e, junto com minha equipe, assumi o desafio de executar esse projeto gigantesco em Chile, na Alemanha e nos EUA. Foi muito estresse, cabelos perdidos e refeições perdidas, mas ainda me sinto imensamente orgulhoso do que conseguimos.

Meu trabalho na Andina chamou a atenção o suficiente para que eu fosse transferido internacionalmente para a thyssenkrupp Uhde em Dortmund, onde trabalhei com Tobias Johna. Era um novo país, uma nova cultura e novas expectativas—eu esperava algum tempo de adaptação, naturalmente. Mas foi menos do que isso. Minha chegada a Dortmund foi menos como um novo começo e mais como um incêndio.

Sem dúvida, foi a função mais prolífica de minha carreira. Na Uhde, tínhamos alcance global e influência sobre vários escritórios em todo o mundo. E os megaprojetos não eram a exceção, eram a norma. Tive o prazer de contribuir para a enorme nova fábrica de fertilizantes do Reino de Brunei (cerca de 1 bilhão de euros), a nova fábrica de plásticos do MOL Group na Hungria (cerca de 1,2 bilhão de euros), o novo complexo de fertilizantes da El Nasr Company for Intermediate Chemicals no Egito (cerca de 700 milhões de euros), a nova fábrica de amônia azul da Qatar Fertilizer Company (QAFCO), da NEOM a planta de eletrólise de hidrogênio verde  (um investimento colossal de aproximadamente 8 bilhões de euros), entre muitos outros.

Depois de algum tempo, assumi o cargo de chefe do grupo de CAD gráfico dentro dos aplicativos de engenharia, onde fui liderado e orientado por Heike Wronn. Ela dirigia um time compacto, mas me dava rédea solta para exercer minha influência. Deixei uma grande marca na maneira como a thyssenkrupp Uhde gerenciava seus gêmeos digitais e a execução de projetos digitais, além de muitos amigos durante meu tempo lá. Foi também nessa época que decidi fazer meu MBA na WHU - Otto Beisheim School of Management, que expandiu meus horizontes ao me dar uma visão mais profunda do lado comercial das coisas e também me ajudou a me tornar um gerente e um ser humano melhor.

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No final, minha mulher e eu tomamos a decisão de voltar ao Chile, onde fundei a Thomaz Consulting. Dedico-me a usar todo o meu conhecimento adquirido para aprimorar a execução de projetos de engenharia por meio da tecnologia e, o mais importante, gerar valor para nossos clientes. Com foco na transformação digital, na centralização no ser humano e em soluções personalizadas, nosso objetivo é capacitar nossos clientes a alcançar o próximo nível.

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